quarta-feira, 16 de abril de 2014

Vanessa Bumagny - O Segundo Sexo





Luiz Pinheiro





Confesso que sou chato. Gosto de muito pouca coisa. E dentre essas poucas se destacam as composições de uma cantora pela qual tenho a maior admiração, respeito e carinho: Vanessa Bumagny.

A primeira vez que a ouvi, foi cantando uma canção minha em parceria com Hermelino Neder, enviada por ela da Espanha, em uma gravação caseira. Apaixonei-me na hora. A partir daí passei a acompanhar sua carreira de perto, a ouvir seus discos, a assistir seus shows e ter o privilégio de sua amizade e parceria.

Sua poesia vem das entranhas, mas sem a brutalidade visceral. É uma cirurgiã plástica, embelezando as rugas e sulcos, que foram talhados na dor da natureza humana. Vanessa toca-nos pele a pele, acaricia-nos, e quando a gente menos espera, ri de si e de nós, com seu humor doce.

Sempre encontramos em suas letras interessantes achados poéticos. Ainda não recebeu o reconhecimento que merece. Ou é cegueira ou preguiça dos críticos atuais. Quanto às rádios, nem se fala. Preferem o raso. Vanessa não fica na superfície. Vai mais fundo. Ela mesma diz na faixa “Saudades do futuro”: “...Me desculpe se eu toco nesse ponto, que costuma ser frágil e dolorido, mas se você foge nunca saberemos o que teria sido...”

É uma leitora compulsiva e mergulha de cabeça nos livros que escolhe. Durante certo tempo, brindou-me com passagens de "O Segundo Sexo", da Simone de Beauvoir, empolgada que estava com a autora. Também me presenteou com dois livros de Proust, que estão na minha cabeceira aguardando um momento de maior coragem para enfrentá-los. Não por falta de seu estímulo.

Certo dia, ela chega com uma letra, pedindo para eu musicar. Quer que seja uma música pra cima. Sua poesia sempre me inspira e logo a melodia surge, como se a letra já a contivesse. A canção, inspirada no tal livro da Simone, acabou dando nome ao seu terceiro CD: “O Segundo Sexo”.

É um CD para se ouvir lendo as letras, como nos velhos tempos. Depois, é deixar rolar, o som entrar pelos ouvidos, as imagens pela retina e a luz dessa cantora pela janela, como ela diz na canção “O que for melhor”.

“O que for melhor, e tiver amor, tem que acontecer, sempre que puder”. 

E essa é a vez de Vanessa acontecer. “Fique mais um pouco, chegue bem mais perto” e se delicie. Todos os sexos.
                                              
Serviço: CD “O Segundo Sexo” - Vanessa Bumagny – Selo Fidellio


À venda virtualmente no iTunes Amazon Deezer.


https://www.youtube.com/watch?v=NrGfjepvvHw

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