Amigos, segue texto do jornalista Emerson Lopes, em que comenta a minha canção "Nômade Urbano", incluída no meu novo CD, com participação de Jorge Mautner. A foto é minha. O modelo é o Alegria.
São Paulo. 2014.
Um verão de dias com mais de 30 graus traz cores quentes à cidade que dizem ser
cinza. Esqueçam. Cores no céu, cores nos carros, muros pichados ou grafitados.
Cores nas roupas da multidão, que anda pra lá e pra cá, a 24 por 7.Pura
poluição visual.
Mas uma poluição
visual que gera arte. Arte na qual até a fuligem altera os tons da luz da
cidade-tela, às vezes sem ar respirável. Ar-te.
Multidão.
Multidões. Gente, gente, gente, Entre eles,moradores de rua que pedem a Mil que
não lhes dão um tostão. "Tudo bem, amanhã, aqui vocês ainda me
encontrarão. Minha cantiga, quase repente, não desaparece de repente".
São sons e mais
sons, Todos os gêneros são ouvidos ao mesmo tempo nos cruzamentos paulistanos.
Soul, samba, funk, rap, rock, forró, sertanejo, pop, passos apressados da moça
de tailleur, buzinas, freadas bruscas, altos e baixos falantes nos seus
celulares.Tudo ao mesmo tempo.
Crossing-over
sonoro que vai além do que Caetano e tantos outros perceberam nas esquinas da
megacidade, outrora batizada "Sampa". Pois este liquidificador de não
sei quantos mil decibéis foi atualizado na letra e na música de Luiz Pinheiro.
Presente no novo
CD "3.1415...", a canção "Nômade Urbano", do compositor e
poeta Luiz Pinheiro, transforma a disfunção sonora que é a trilha do povo de
SP, atualizando Sampa como um novo organismo vivo.
A cidade vista
pelos olhos de um morador de rua é poesia que destrói as convenções-limite de
zonas norte, sul,leste, oeste. Tudo é central na São Paulo desse início de
milênio. Mega corpo de células urbanas, nômades e sem nomes.
Emerson Lopes da
Silva