sábado, 28 de dezembro de 2013

Caçador de mariposas










                                                           




Wellington de Melo pegou-me distraído e de jeito, quando na casa de um amigo, lancei mão de seu livro. Encontrava-se na sala, sobre a mesa, entre tantos outros. Pescaria certeira, vi-me diante de algo tão requintado e simples, que fui só arrepio.
Não é um livro de poesia, é um objeto poético, que respiramos e que roça nossa pele. Desde a confecção da capa, artesanato feito de amor, até a beleza de suas frases encantadas, em conteúdo e forma, seu trabalho consegue ser "flocos de céu" e "pedras no chão caídas". Fez-me lembrar de uma letra minha para a canção de Hermelino Neder, chamada Antro, que diz : "Do profundo o abismo vai brotar minha flor, no mais negro escuro vou buscar minha luz".
 O autor traz luz para a escuridão que vem invadindo as relações humanas e nos mostra a importância do sonho, quando nos deparamos com o diferente e o desconhecido. Abordando o autismo, remete-nos à superficialidade que costuma habitar corações e mentes e nos brinda com a potência de um amor que rompe a moldura do quadro e se estende "infinito, imenso monolito", como diz a canção, na arquitetura do ser e do saber. E tudo num tempo de delicadeza admirável! "O caçador de mariposas" condensa psicologia, literatura, sabedoria e, essencialmente, humanidade. Leitura imprescindível.