domingo, 2 de fevereiro de 2014

Nômade Urbano por Emerson Lopes

Amigos, segue texto do jornalista Emerson Lopes, em que comenta a minha canção "Nômade Urbano", incluída no meu novo CD, com participação de Jorge Mautner. A foto é minha. O modelo é o Alegria.






                                                         
   


São Paulo. 2014. Um verão de dias com mais de 30 graus traz cores quentes à cidade que dizem ser cinza. Esqueçam. Cores no céu, cores nos carros, muros pichados ou grafitados. Cores nas roupas da multidão, que anda pra lá e pra cá, a 24 por 7.Pura poluição visual.

Mas uma poluição visual que gera arte. Arte na qual até a fuligem altera os tons da luz da cidade-tela, às vezes sem ar respirável. Ar-te.

Multidão. Multidões. Gente, gente, gente, Entre eles,moradores de rua que pedem a Mil que não lhes dão um tostão. "Tudo bem, amanhã, aqui vocês ainda me encontrarão. Minha cantiga, quase repente, não desaparece de repente".

São sons e mais sons, Todos os gêneros são ouvidos ao mesmo tempo nos cruzamentos paulistanos. Soul, samba, funk, rap, rock, forró, sertanejo, pop, passos apressados da moça de tailleur, buzinas, freadas bruscas, altos e baixos falantes nos seus celulares.Tudo ao mesmo tempo.

Crossing-over sonoro que vai além do que Caetano e tantos outros perceberam nas esquinas da megacidade, outrora batizada "Sampa". Pois este liquidificador de não sei quantos mil decibéis foi atualizado na letra e na música de Luiz Pinheiro.

Presente no novo CD "3.1415...", a canção "Nômade Urbano", do compositor e poeta Luiz Pinheiro, transforma a disfunção sonora que é a trilha do povo de SP, atualizando Sampa como um novo organismo vivo.

A cidade vista pelos olhos de um morador de rua é poesia que destrói as convenções-limite de zonas norte, sul,leste, oeste. Tudo é central na São Paulo desse início de milênio. Mega corpo de células urbanas, nômades e sem nomes.


Emerson Lopes da Silva





5 comentários:

  1. Falo de um tipo de morador de rua que não se enquadra em nenhuma instituição, que preza a liberdade e que se caracteriza por não se estabelecer em lugar nenhum, como outros nômades que ficam um tempo em um lugar e vão para outro. Estes de quem eu falo, e que parece ser um tipo psicológico comum, segundo alguns estudos, ficam andando de um lado para o outro e são chamados de Trecheiros. O lugar deles é entre os lugares. Acabo falando, de algum modo, na canção, sobre a necessidade de entendermos certas posturas, que não se adequam ao já estabelecido. Um lugar nem cá, nem lá, mas entre. Luiz Pinheiro

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  2. caro Luiz

    sua letra e sua canção são magníficas,acontece que estou muito atarefado com os projetos meus,e se não lhe mandei e-mail antes é por esta causa. Moro no rio de janeiro,e voce mora aonde,São Paulo? Sua canção tanto na letra quanto na música e na sua interpretação retratam com fôrça e novidade toda uma saga e denúncia social,gostei muito e vamos nos falando.

    abraço do jorge Mautner

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    1. Postei esse comentário do Mautner, que foi mandado por um email enquanto negociávamos sua participação. Luiz

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  3. Adorei! Josana Ferreira Bassi de Moura.

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