imagem: reprodução
Luiz Pinheiro
Nômade Urbano
(O Rap do morador de rua)
Sou um nômade urbano,
nesta cidade insensata.
De manhã estou na Penha,
à tarde estou na Lapa.
Sou visto na Paulista,
na Gurgel ou na São João,
sob o sol a céu aberto
Ou à sombra do minhocão.
Nenhum albergue me prende.
Não há teoria que dê conta.
O social não me entende,
a violência me afronta.
É que não paro no ponto:
sou da rua, sou trecheiro.
Posso lhe causar espanto
com meu hábito e meu cheiro,
mas, aceitar seu dinheiro
é uma via de mão dupla,
porque mata minha fome
e alivia sua culpa.
Relógio não me adianta
e tampouco me atrasa.
Para mim a pior idéia
é o retorno a qualquer casa.
Não vou partir nem chegar.
Nem quero aprender em lousas.
O que mais me dá prazer
é caminhar entre as coisas.
Nunca faço diferença
entre o público e o privado.
Você coloca limites,
eu rompo o alambrado.
Não tente me enquadrar
num projeto de inclusão.
Saiba que me excluir
é minha revolução.
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