quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Nômade urbano

                                                                   imagem: reprodução                                                    

Luiz Pinheiro


Nômade Urbano
(O Rap do morador de rua)

Sou um nômade urbano,
nesta cidade insensata.
De manhã estou na Penha,
à tarde estou na Lapa.

Sou visto na Paulista,
na Gurgel ou na São João,
sob o sol a céu aberto
Ou à sombra do minhocão.

Nenhum albergue me prende.
Não há teoria que dê conta.
O social não me entende,
a violência me afronta.

É que não paro no ponto:
sou da rua, sou trecheiro.
Posso lhe causar espanto
com meu hábito e meu cheiro,

mas, aceitar  seu dinheiro
é uma via de mão dupla,
porque mata minha fome
e alivia sua culpa.

Relógio não me adianta
e tampouco me atrasa.
Para mim a pior idéia
é o retorno a qualquer casa.

Não vou partir nem chegar.
Nem quero aprender em lousas.
O que mais me dá prazer
é caminhar entre as coisas.

Nunca faço diferença
entre o público e o privado.
Você coloca limites,
eu rompo o alambrado.

Não tente me enquadrar
num projeto de inclusão.
Saiba que me excluir
é minha revolução.






      




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