sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Quase “Araçá”


Imagem: Divulgação


 Luiz Pinheiro

 
     Tive a felicidade de ter duas letras musicadas por Luiz Gayotto e gravadas no seu último disco PROPONHOMIX, o que muito me orgulha.
     O disco é uma experiência radical, sem ser esnobe; experimental, sem ser monótono; inteligente, sem ser acadêmico.
     A cada música o compositor nos surpreende com um clima novo. Embora sejam climas diversos, eles se constituem como parte de um todo coeso; são andamentos diferentes de uma mesma trilha, unidades multifacetadas de uma única harmonia.
     A sequência das canções deixa transparecer um subtexto que valoriza ainda mais o trabalho. Tudo flui com uma naturalidade espantosa!
     Hermelino Neder, ao ouvir duas faixas, achou muito interessante a junção dos gêneros canção e música instrumental em um mesmo trabalho.
     O caminho que Gayotto percorre é muito diferente daquele que eu sigo no meu novo CD DECOMPOR. Se por um lado ele radicaliza na sonoridade e nos arranjos, sem se tornar hermético, eu vou ao encontro do popular: do mais digerível e fácil aos ouvidos menos sensíveis, sem deixar, acredito, de agradar aos mais apurados. Diferenças à parte, tanto o meu disco quanto o dele têm sinceridade e verdade estética.
     A produção do Estevan Sinkovitz dá um toque especial ao resultado final. Já tive a oportunidade de trabalhar com ele e sei de seu talento e sensibilidade.
     O CD é rico e econômico ao mesmo tempo, e talvez aí esteja sua maior riqueza.  Rico justamente porque econômico e amplo porque sintético.
     A voz do cantor, pequenina e imensa, suave e intensa, dança entre silêncios e sons e é mais um instrumento a colorir as canções.
    Acho que Gayotto encontrou o centro, o cerne, a essência de sua criação, nesse trabalho. Sem dúvida, atingiu sua maturidade artística.
     Ninguém que se interessa por música pode deixar de ouvir esse disco.
     Pra mim, ele é quase um ARAÇÁ AZUL contemporâneo.
     Há muito tempo não ouço algo tão novo e surpreendente.
     Estou abrindo uma exceção e deixando de publicar uma canção do meu novo CD, como é de praxe, para postar duas parcerias nossas, gravadas em seu novo trabalho, chamadas “Pra quê?” e “Broto bruto”.
     Espero que curtam, como eu curti.

                     "Pra quê?"
   
                     
 
 
                     "Broto bruto"
 
                     
 

7 comentários:

  1. Cris CataSol- amei a resenha, deu vontade de assinar embaixo. Onde assina?

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  2. Transbordando de orgulho de ser parceira dos dois e de estar nesse disco incrívelmente lindo!
    Vanessa Bumagny

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  3. cris, você acabou de assinar, com seu comentário. valeu, luiz.

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  4. Adorei a resenha e suas músicas no álbum Proponhomix! (Que linda a letra "Pra quê?"!)
    Todo o álbum é um trabalho lindo e tão bem acabado... Grata por ter tido o imenso prazer de conhecer neste fim de semena!
    Ouvindo no "repeat"! Quero que todo mundo ouça!

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  5. Pi,
    Acho que foi no final de 2007, início de 2008,que você me apresentou "PRA QUÊ?" e, imediatamente, invejei-lhe a autoria, lembra?
    O outro Luiz que me desculpe a dupla ousadia, invejo-lhe também a melodia. (Nossa! Quantos ...ias! Acho que é pra rimar com agonia!)
    Não entendo nada de música. (Pra quê?) Só sei que o questionamento agônico-melancólico do texto reflete-se em cada nota musical, culminando na agonia do ültimo Siiiim cantado em tom acima(?) e prolongado, como que confirmando desesperadamente a pretensa inutilidade da produção poética diante da dimensão da dor amorosa. Imagine isso pra quem ama a poesia e a música, como nós!!
    Exagerei?!!
    Siiiiiim!!!!
    SANDRA ALVES

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  6. que ótima análise lítero-musical!!!
    LUIZ GAYOTTO

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  7. Parabéns pelo trabalho!!!
    (Ass:uma estudante de música)

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