Wellington de
Melo pegou-me distraído e de jeito, quando na casa de um amigo, lancei mão de
seu livro. Encontrava-se na sala, sobre a mesa, entre tantos outros. Pescaria
certeira, vi-me diante de algo tão requintado e simples, que fui só arrepio.
Não é um livro de
poesia, é um objeto poético, que respiramos e que roça nossa pele. Desde a
confecção da capa, artesanato feito de amor, até a beleza de suas frases
encantadas, em conteúdo e forma, seu trabalho consegue ser "flocos de
céu" e "pedras no chão caídas". Fez-me lembrar de uma letra
minha para a canção de Hermelino Neder, chamada Antro, que diz : "Do
profundo o abismo vai brotar minha flor, no mais negro escuro vou buscar minha
luz".
O autor traz luz para a escuridão que vem
invadindo as relações humanas e nos mostra a importância do sonho, quando nos deparamos
com o diferente e o desconhecido. Abordando o autismo, remete-nos à superficialidade
que costuma habitar corações e mentes e nos brinda com a potência de um amor que
rompe a moldura do quadro e se estende "infinito, imenso monolito",
como diz a canção, na arquitetura do ser e do saber. E tudo num tempo de
delicadeza admirável! "O caçador de mariposas" condensa psicologia,
literatura, sabedoria e, essencialmente, humanidade. Leitura imprescindível.
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