Luiz Pinheiro
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Imagem: Divulgação |
Tive a felicidade de ter duas letras musicadas por Luiz Gayotto e gravadas no seu último disco PROPONHOMIX, o que muito me orgulha.
O disco é uma experiência radical, sem ser esnobe; experimental, sem ser monótono; inteligente, sem ser acadêmico.
A cada música o compositor nos surpreende com um clima novo. Embora sejam climas diversos, eles se constituem como parte de um todo coeso; são andamentos diferentes de uma mesma trilha, unidades multifacetadas de uma única harmonia.
A sequência das canções deixa transparecer um subtexto que valoriza ainda mais o trabalho. Tudo flui com uma naturalidade espantosa!
Hermelino Neder, ao ouvir duas faixas, achou muito interessante a junção dos gêneros canção e música instrumental em um mesmo trabalho.
O caminho que Gayotto percorre é muito diferente daquele que eu sigo no meu novo CD DECOMPOR. Se por um lado ele radicaliza na sonoridade e nos arranjos, sem se tornar hermético, eu vou ao encontro do popular: do mais digerível e fácil aos ouvidos menos sensíveis, sem deixar, acredito, de agradar aos mais apurados. Diferenças à parte, tanto o meu disco quanto o dele têm sinceridade e verdade estética.
A produção do Estevan Sinkovitz dá um toque especial ao resultado final. Já tive a oportunidade de trabalhar com ele e sei de seu talento e sensibilidade.
O CD é rico e econômico ao mesmo tempo, e talvez aí esteja sua maior riqueza. Rico justamente porque econômico e amplo porque sintético.
A voz do cantor, pequenina e imensa, suave e intensa, dança entre silêncios e sons e é mais um instrumento a colorir as canções.
Acho que Gayotto encontrou o centro, o cerne, a essência de sua criação, nesse trabalho. Sem dúvida, atingiu sua maturidade artística.
Ninguém que se interessa por música pode deixar de ouvir esse disco.
Pra mim, ele é quase um ARAÇÁ AZUL contemporâneo.
Há muito tempo não ouço algo tão novo e surpreendente.
Estou abrindo uma exceção e deixando de publicar uma canção do meu novo CD, como é de praxe, para postar duas parcerias nossas, gravadas em seu novo trabalho, chamadas “Pra quê?” e “Broto bruto”.
Espero que curtam, como eu curti.
"Pra quê?"
"Pra quê?"
"Broto bruto"